O trânsito mata dez vezes mais que a falta de sistemas de proteção nos meios de trabalho, mas é um erro visualizar estas duas realidades separadamente. O mundo atual requer uma visão sistemática. A insegurança no trabalho e o desatino das estradas apenas refletem uma sociedade caótica, que se quer respeita um dos princípios básicos da vida coletiva, que é sua própria defesa e auto-proteção.
Costumamos pensar que somos meras vítimas das imprudências e loucuras alheias ao volante. Os perigos do trânsito, conforme o senso comum, são fatalidades a que nós, como espectadores, infelizmente estamos sujeitos. Para a grande parte dos motoristas, driblar o imponderável é sinônimo de agir com esperteza, ora pisando mais fundo no acelerador, ora supondo que as normas de trânsito são diretrizes administrativas elaboradas para punir a transgressão dos outros. Não é mau humor administrativo de um burocrata que determina a obrigatoriedade do cinto de segurança. A 50 Km/h o corpo médio de uma pessoa, se o carro bater em um obstáculo, pode ser projetado contra o painel ou para-brisas pesando cerca de três mil quilos. O cinto busca evitar isso.
Uma causa notória dos acidentes de trânsito nas estradas diz respeito ao álcool. Considera-se que o álcool embriaga a partir da concentração de 0.8 gramas por litros de sangue. Este valor corresponde a três cálices de vinho, ou então três doses de uísque. Também com três latas de cerveja se chega a este primeiro grau da bebedeira. Uma quarta dose eleva o potencial de risco para dez, e uma sexta dose para quarenta. A famosa saideira – verdadeira instituição nacional – pode ser a gota que falta para uma concentração fatal.
“O verdadeiro veículo que conduzimos é um veículo chamado nós mesmos “